A Cafeteria

Ainda eram oito da manhã quando saí de casa e segui meu caminho até a cafeteria, alguns minutos depois, lá estava eu, de pé, frente o prédio, calças pretas, camiseta simples, laptop embaixo do braço e algumas ideias para escrever. Empurrei a porta e entrei, escolhi uma mesa próxima à janela e pus meu computador sobre ela, olhei para o relógio, Oito e quarenta, calculei uma hora e vinte minutos para o meu turno na empresa. algum tempo depois uma garçonete se aproximou com uma caneta e um bloco de pedidos.

A garota usava uma saia preta até os joelhos e um jaleco com a marca e nome da cafeteria. Ela me cumprimentou com seu sorriso habitual, eu respondi cordialmente e completei com meu pedido: Uma xícara de café e um cappuccino, o segundo seria servido em minha mesa em trinta minutos, enquanto o primeiro seria servido imediatamente.
Liguei meu laptop enquanto esperava pelo café, aproveitei para redigir um e-mail para um amigo de longa data. O café chegara fumegando á minha mesa logo após eu terminar o pequeno texto. A garota me serviu uma xícara do liquido.
 - Obrigado! - respondi levantando os olhos.
Sorvi um pouco do café e voltei ao computador, dois e-mails de uma colega do trabalho sobre o quadro de horários da semana seguinte. Ignorei ambos e continuei a escrever um texto que tinha começado a muitos dias.
Ser escritor era um sonho de infância meu, havia tentado arduamente publicar algo, mas nunca consegui. Ainda assim continuava escrevendo por diversão. O novo projeto era uma aventura, um homem que só vestia camiseta vermelha e era obrigado a resgatar sua princesa, de uma terra longiqua, muito famosa por seus repteis e fungos. Digitei alguns parágrafos até o cappuccino ser servido, revisei o trecho recém escrito e desativei o aparelho.
Repentinamente um jovem apareceu.
- Você não é o "Saut"? o Autor? - perguntou o garoto animado - Que legal, eu li seus livros... aqueles na internet.
- Bom dia! - respondi meio acanhado - Gostou dos textos?
- Claro! São muito legais, você pode me dar um autografo e hmn... um livro seu?
- anh... tudo bem, mas não tenho nenhum livro aqui - menti
 Autografei uma folha que tinha na bolsa do laptop e entreguei ao garoto. Olhei de relance para o relógio: 9:50, dez minutos para o meu turno. Pedi licença ao garoto e fui até o balcão da cafeteria.
 - Pode me dizer onde fica o vestiário?
 - Por...ali... - respondeu a moça confusa
Fui até o vestiário e lá fiquei observando o garoto se afastar. Enfim entrei em uma porta e alguns minutos mais tarde, sai de lá, vestindo a calça preta, e o avental da cafeteria. Peguei uma caneta e um bloco de pedidos.
Estava pronto para o meu turno.